Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2023-12-02 18:00:00

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Como abrir espumante? Veja 5 dicas simples

1. Deixe as garrafas bem geladas

Para evitar o excesso de borbulhas e desfrutar do espumante na temperatura ideal, é essencial manter a bebida bem gelada. Armazene no refrigerador ou em um balde de gelo, cuidando para não congelar. Recomenda-se degustar entre 6 e 8°C.

2. Segure a garrafa pela base

Nosso primeiro instinto é simplesmente puxar a rolha com força, demandando um esforço considerável. Mas o ideal é usar a própria garrafa de alavanca e contar com a ajuda da pressão interna do espumante. Faça isso segurando com uma mão na base e a outra na ponta da garrafa (como na imagem acima), girando sempre a garrafa e segurando a rolha. Antes de abrir, lembre-se de retirar a cápsula e soltar a gaiola metálica. Começe aplicando uma leve força para puxar a rolha para cima, até que a própria pressão comece a fazer a maior parte do trabalho. Nesse momento, basta segurar a rolha para controlar sua saída gradual pelo bocal. No final, incline levemente a rolha para o lado, prevenindo possíveis estouros.

3. Sempre segure a rolha com a mão

Um cuidado de segurança é nunca deixar de segurar a rolha ao manusear uma garrafa de espumante, após a abertura da gaiola. É a gaiola que serve de proteção para que a rolha não seja lançada caso a pressão interna aumente muito. A partir do momento em que a gaiola é solta, existe o risco da rolha se desprender. Mas não se preocupe, estando a garrafa gelada e se ela não for chacoalhada excessivamente, a rolha não deve sair do lugar até que você a retire.

4. Abrir com ou sem estouro?

No serviço formal é recomendado que se gire a garrafa delicadamente até a soltura da rolha, inclinando-a como indicamos, para que se ouça apenas um “suspiro” sutil quando for retirada. Isso é especialmente válido se pensarmos em restaurantes com vários espumantes abertos por dia, onde os estouros poderiam ser inoportunos. Mas vale a pena lembrar: seu vinho, suas regras. Se você quiser se divertir, pode fazer barulho também que não tem problema.

5. Sirva com a taça inclinada

Ao deixar o líquido do espumante escorrer lentamente pela lateral da taça, há uma maior retenção das borbulhas, que chamamos de perlage. Dessa forma, elas ficarão emergindo dentro da taça por mais tempo, o que além de mais bonito para os olhos deixa a degustação mais gostosa ao paladar. Sirva cerca de 3/4 da taça e use preferencialmente taças flute de cristal.

Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2023-12-01 13:44:00

Tags: brut,brut rosé,champanhe,champenoise,charmat,como se faz espumante,enologia,espumante brasileiro,espumante chatmat,espumante de qualidade,espumante-brut,espumantes,espumantes do brasil,método champenoise,metodo charmat,método tradicional espumante,metodos de elaboraçao de espumanres,metodos espumante,processos de elaboração de espumantes,produção de espumante,sur lie,vinho espumante,

Charmat e Champenoise: diferenças de cada método na elaboração de espumantes brasileiros

O mundo dos espumantes é vasto e diversificado, com métodos de elaboração que geram diferentes perfis e estilos da bebida. Dois métodos que se destacam nesse cenário são o Charmat e o Champenoise, cada um trazendo características únicas à taça. A principal diferença? O tamanho dos recipientes em que ocorre a segunda fermentação. Nossa enóloga aqui na Casa Tertúlia costuma fazer uma brincadeira que pode te ajudar a lembrar: o nome curto indica as fermentações em recipientes maiores, e o nome longo se refere aos que fermentam em recipientes pequenos, ou seja, na própria garrafa. Mas o que isso significa na hora de degustar e escolher um vinho espumante?

Método Charmat: Frescor e Perfil Frutado

O método Charmat, surgido na Itália e aperfeiçado pelo francês Eugène Charmat em 1907, se sobressai por sua capacidade de preservar as características frutadas das uvas, dando uma sensação de frescor e elegância à bebida. Como a segunda fermentação ocorre nos tanques chamados de “autoclaves”, que aguentam alta pressão, a fermentação pode ocorrer de forma mais vigorosa e eficiente. Já que a quantidade do vinho base e das leveduras é mantida em conjunto, resulta em efeitos muito mais intensos e, por isso, mais rápidos. Assim, a fermentação é concluída em alguns dias ou semanas, enquanto no método Champenoise é preciso esperar mais tempo até que o processo acabe. Disso decorre a principal vantagem dos Charmats: o frescor incomparável conferido aos espumantes. Além disso, as borbulhas costumam ser exuberantes, proporcionando uma experiência refrescante, com elegância, vivacidade e perlage incrível.

Serão ideais para dias mais quentes, com pratos perfumados, frescos e mais delicados, ou quando se busca um espumante que não dispute com a intensidade de algumas receitas, nem se sobreponha a sabores mais sutis. Joviais, eles trarão muitas vezes notas florais, cítricas e de frutas frescas, evoluindo para castanhas e compotas.

Além do apelo sensorial, os espumantes Charmat se revelam como uma opção versátil, especialmente para quem busca uma experiência de degustação radiante e que harmoniza com o clima do Brasil. Nesse ponto, a Casa Tertúlia, no Alto Uruguai Gaúcho, se destaca por escolher estrategicamente o método de elaboração que captura a vivacidade do terroir brasileiro, que já desfruta de amplo reconhecimento internacional. Ao brindar com esses espumantes, estamos não simplesmente degustando uma bebida; mas celebrando a arte da vinificação inteligente e a riqueza do nosso terroir.

Método Champenoise: Fermentação na Garrafa

Também conhecido por “método tradicional”, é o mais antigo método de vinificação de espumantes, tendo surgido na França com monges da região de Champagne, pela figura mítica de Don Pérignon. Ao descobrir que algumas garrafas haviam voltado a fermentar, teria encontrado por acidente a surpresa das borbulhas. Ela é, portanto, uma das maneiras de produzir espumantes em que se repete o procedimento mais primitivo de que se tem conhecimento, e que, por se tratar de volumes menores em cada fermentação isolada, leva um tempo adicional para terminar. Por isso passa por um contato prolongado com as leveduras, gerando menos borbulhas e notas derivadas de uma fermentação mais demorada. Com toques de fermento, pães torrados, confeitaria, caramelo e castanhas, podem ser mais amanteigados e com uma textura mais cremosa.

Enquanto o vinho espumante passa meses fermentando, ocorre também uma maturação sur lie, ou seja, “sobre as leveduras”, em que se faz a movimentação da garrafa para aumentar seu contato com o restante do líquido. Para retirar as leveduras da garrafa ao fim do processo, usam-se os pupitres (racks em forma de A), girados manualmente, ou caixas mecânicas automatizadas, onde as garrafas são regularmente giradas e inclinadas. Removidas as leveduras, a garrafa é tampada novamente, em um processo chamado dégorgement, “degola”. Finalmente, é ajustado o teor de açúcar com o chamado licor de expedição.

Em resumo, as etapas do processo pelas quais um vinho precisa passar para se tornar um espumante são as mesmas (fermentação do vinho base, segunda fermentação, retirada de leveduras e licor de expedição), mas há diferentes técnicas para realizá-las, levando a diferenças no resultado gustativo e aromático.