Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2023-12-02 17:19:49

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Espumante Demi-Sec, Brut ou Moscatel: entenda as diferenças e escolha o melhor para você

É comum se perguntar qual a diferença entre os espumantes Brut, Demi-Sec e Moscatel, que se baseia no grau de doçura da bebida. Vamos explicar melhor como esses três tipos de espumantes são elaborados para que não reste dúvidas e você possa escolher qual é o melhor para você.

Espumante Brut da Casa Tertúlia, aromático e rico em borbulhas e notas frutadas.

Espumantes Brut

Sendo o mais comum entre os espumantes secos, ou seja, que possuem baixo teor de doçura, o estilo “Brut” indica que a fermentação foi levada até o final, transformando todo o açúcar possível, proveniente das próprias uvas, em álcool. Em virtude disso, o teor alcoólico desses espumantes costuma ser entre 10% e 12,5%. Para tornar a bebida mais agradável ao paladar, é adicionado o licor de expedição, que é uma mistura de outros vinhos, licores e açúcar, utilizada na elaboração de todos os tipos de espumante, com excessão do Nature. No caso dos espumantes Brut, a quantidade de açúcar é baixa, com menos de 1,2 mg por mL.

O motivo de se adicionar o licor de expedição vem da elaboração de espumantes pelo método tradicional, uma vez que quando as leveduras são retiradas, sobra um espaço na garrafa que precisa ser preenchido para que a bebida se conserve melhor e se chegue no volume desejado (geralmente de 750mL).

O resultado são bebidas mais secas que costumam agradar degustadores um pouco mais experientes, ao passo que os mais adocicados atendam melhor quem está começando ou consome a bebida mais esporadicamente.

Espumantes Demi-Sec

Termo francês que significa “meio seco”, é visto como uma bebida intermediária entre os mais e menos adocicados, com 2 a 6 mg de açucar por mL. Como alguns Moscateis de menor qualidade levam um grau excessivamente alto de açúcar, os espumantes demi-sec surgem como uma opção para consumidores que querem garantir que a bebida seja doce, mas não seja enjoativa. Porém, com uma seleção das melhores uvas, fermentação adequada e prensagens menos agressivas, os Moscateis de alta qualidade são uma opção compatível, desde que elaborados da forma ideal, com a diferença de que nesse caso são usadas exclusivamente uma família de uvas aromáticas.

Moscatel Rosé da Casa Tertúlia, elaborado a partir de variedades bracas de Moscato e da tinta Moscato de Hamburgo.

Espumantes Moscatel

Os queridinhos dos brasileiros, que se destacam pelo uso das variedades de uva Moscato, são espumantes que terão a partir de 6 mg de açúcar por mL. Mas, como dissemos, é importante observar como o Moscatel é feito para que se entenda quais os melhores para quem busca um perfil não tão adocicado.

O primeiro fator é o método de elaboração Asti, criado na Itália, em que o vinho base não é levado a fermentar todo o açúcar presente, interrompendo-se a fermentação com o resfriamento da bebida, quando ela chega a cerca de 7º de percentual alcoólico. Assim, a doçura presente nos Moscateis de qualidade é em boa parte a doçura residual da própria uva, reduzindo a quantidade de açúcar do licor de expedição.

Mas, além disso, é importante notar que a prensagem é outro fator essencial. Por ser um vinho branco ou rosado, todo Moscatel passa pela prensagem, para que se separem as cascas da uva do líquido, ou mosto, a fermentar. Assim, é melhor dar preferência às prensagens delicadas, como a prensagem pneumática.

Na Casa Tertúlia, todos os espumantes são elaborados dessa forma, em que a prensa ocorre pelo auxílio de balões de ar, amassando menos as cascas e por isso retirando o mínimo de amargor. O problema de muitos Moscateis e sua doçura muito alta vêm não do estilo da bebida, mas da má qualidade do mosto, que é excessivamente amargo, quando se usa o açúcar em excesso para compensar. Essa prática deveria ser questionada, pois além de ser fruto de uma enologia pouco cuidadosa, dá a impressão de que todos os Moscateis são extremamente doces, quando isso não é o caso dos melhores exemplares.

Confira os espumantes Moscatel, seja branco ou rosé, da Casa Tertúlia, para entender como é possível ter um espumante que agrade aos paladares que preferem a bebida mais adocicada, sem excessos de doçura, agradando muitas vezes até quem está habituado aos espumantes mais secos. Irá harmonizar com diversas sobremesas, pratos cítricos, mais apimentados e agridoces.

Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2023-12-01 13:44:00

Tags: brut,brut rosé,champanhe,champenoise,charmat,como se faz espumante,enologia,espumante brasileiro,espumante brut,espumante chatmat,espumante de qualidade,espumantes,espumantes do brasil,método champenoise,metodo charmat,método tradicional espumante,metodos de elaboraçao de espumanres,metodos espumante,processos de elaboração de espumantes,produção de espumante,sur lie,vinho espumante,

Charmat e Champenoise: diferenças de cada método na elaboração de espumantes brasileiros

O mundo dos espumantes é vasto e diversificado, com métodos de elaboração que geram diferentes perfis e estilos da bebida. Dois métodos que se destacam nesse cenário são o Charmat e o Champenoise, cada um trazendo características únicas à taça. A principal diferença? O tamanho dos recipientes em que ocorre a segunda fermentação. Nossa enóloga aqui na Casa Tertúlia costuma fazer uma brincadeira que pode te ajudar a lembrar: o nome curto indica as fermentações em recipientes maiores, e o nome longo se refere aos que fermentam em recipientes pequenos, ou seja, na própria garrafa. Mas o que isso significa na hora de degustar e escolher um vinho espumante?

Método Charmat: Frescor e Perfil Frutado

O método Charmat, surgido na Itália e aperfeiçado pelo francês Eugène Charmat em 1907, se sobressai por sua capacidade de preservar as características frutadas das uvas, dando uma sensação de frescor e elegância à bebida. Como a segunda fermentação ocorre nos tanques chamados de “autoclaves”, que aguentam alta pressão, a fermentação pode ocorrer de forma mais vigorosa e eficiente. Já que a quantidade do vinho base e das leveduras é mantida em conjunto, resulta em efeitos muito mais intensos e, por isso, mais rápidos. Assim, a fermentação é concluída em alguns dias ou semanas, enquanto no método Champenoise é preciso esperar mais tempo até que o processo acabe. Disso decorre a principal vantagem dos Charmats: o frescor incomparável conferido aos espumantes. Além disso, as borbulhas costumam ser exuberantes, proporcionando uma experiência refrescante, com elegância, vivacidade e perlage incrível.

Serão ideais para dias mais quentes, com pratos perfumados, frescos e mais delicados, ou quando se busca um espumante que não dispute com a intensidade de algumas receitas, nem se sobreponha a sabores mais sutis. Joviais, eles trarão muitas vezes notas florais, cítricas e de frutas frescas, evoluindo para castanhas e compotas.

Além do apelo sensorial, os espumantes Charmat se revelam como uma opção versátil, especialmente para quem busca uma experiência de degustação radiante e que harmoniza com o clima do Brasil. Nesse ponto, a Casa Tertúlia, no Alto Uruguai Gaúcho, se destaca por escolher estrategicamente o método de elaboração que captura a vivacidade do terroir brasileiro, que já desfruta de amplo reconhecimento internacional. Ao brindar com esses espumantes, estamos não simplesmente degustando uma bebida; mas celebrando a arte da vinificação inteligente e a riqueza do nosso terroir.

Método Champenoise: Fermentação na Garrafa

Também conhecido por “método tradicional”, é o mais antigo método de vinificação de espumantes, tendo surgido na França com monges da região de Champagne, pela figura mítica de Don Pérignon. Ao descobrir que algumas garrafas haviam voltado a fermentar, teria encontrado por acidente a surpresa das borbulhas. Ela é, portanto, uma das maneiras de produzir espumantes em que se repete o procedimento mais primitivo de que se tem conhecimento, e que, por se tratar de volumes menores em cada fermentação isolada, leva um tempo adicional para terminar. Por isso passa por um contato prolongado com as leveduras, gerando menos borbulhas e notas derivadas de uma fermentação mais demorada. Com toques de fermento, pães torrados, confeitaria, caramelo e castanhas, podem ser mais amanteigados e com uma textura mais cremosa.

Enquanto o vinho espumante passa meses fermentando, ocorre também uma maturação sur lie, ou seja, “sobre as leveduras”, em que se faz a movimentação da garrafa para aumentar seu contato com o restante do líquido. Para retirar as leveduras da garrafa ao fim do processo, usam-se os pupitres (racks em forma de A), girados manualmente, ou caixas mecânicas automatizadas, onde as garrafas são regularmente giradas e inclinadas. Removidas as leveduras, a garrafa é tampada novamente, em um processo chamado dégorgement, “degola”. Finalmente, é ajustado o teor de açúcar com o chamado licor de expedição.

Em resumo, as etapas do processo pelas quais um vinho precisa passar para se tornar um espumante são as mesmas (fermentação do vinho base, segunda fermentação, retirada de leveduras e licor de expedição), mas há diferentes técnicas para realizá-las, levando a diferenças no resultado gustativo e aromático.