Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2021-02-11 12:42:16

Tags: Alto Uruguai e Novos Terroirs do Brasil,casa tertúlia,enologia,livro,livro sobre vinhos,livro sobre vinícolas brasileiras,regiões vinícolas brasileiras,vinho,vinho brasileiro,vinícola,

Casa Tertúlia é referida em livro sobre vinhos do Brasil

Livro Gente, Lugares e Vinhos do Brasil, acompanhado do vinho Cabernet Sauvignon da Casa Tertúlia, mencionado na obra.

Publicado no fatídico ano de 2020, o livro de Rogerio Dardeau, Gente, Lugares e Vinhos do Brasil, traz mais um feito importante para a vinicultura brasileira, em pleno ano de avanço do consumo e apreciação desta bebida elaborada em nossos solos.

Trazendo um amplo conjunto de vinícolas, regiões produtoras e pessoas que fazem vinho de sul a norte no país, Rogerio alcança um resultado muito promissor para quem deseja conhecer mais sobre a diversidade de nossas produções, marcando o grande número de brasileiros engajados com a arte do vinho.

À página 264 do livro, trecho em que se menciona a vinícola Casa Tertúlia, em capítulo acerca da região do Alto Uruguai gaúcho.

Do Alto Uruguai, na fronteira norte do Rio Grande do Sul com a Argentina, onde se encontra a vinícola Casa Tertúlia, passando pela Serra Catarinense, o Sul de Minas, a baiana Chapada Diamantina, compilando do norte até a Serra Gaúcha, são mencionadas no livro, em mais de 10 páginas em lista dupla, as pessoas que fazem com que essa história aconteça. A imensidão destacada pela obra indica também a necessidade de olhar-se a partir de uma nova perspectiva essa então importante atividade econômica do Brasil, cada vez mais presente e em crescimento constante.

Não bastasse esse grande compilado, o autor também trata de questões de legislação do vinho, das castas de uva produzidas e de uma série de aprendizados em enologia e viticultura. Transportando a demanda por uma identidade do vinho brasileiro, desde suas origens até suas expansões mais recentes, não se deixa de lado nem mesmo alguns projetos que foram iniciados e não se concluíram, marcando a grande pesquisa realizada pelo escritor.

Livro de Rogério Dardeau sobre vinhos brasileiros, as pessoas e as regiões que estão fazendo sua história, acompanhado pelo vinho elaborado no Alto Uruguai gaúcho, presente na obra.

A Casa Tertúlia é agraciada pela menção de suas práticas sustentáveis, destacando os ideais da vinícola que busca pela elaboração de vinhos de alto padrão, com o entusiasmo das tertúlias e o conforto da casa que a nomeiam. Além da utilização de rebanho de ovinos e de aves nos vinhedos, lembram-se de alguns dos primeiros vinhos elaborados pela casa, como o Merlot, o Cabernet Sauvignon e a varietal labrusca Isabel, uma das mais tradicionais uvas cultivadas no solo brasileiro. Ao norte do Rio Grande do Sul, encontramos um trilho cujo contorno é atualmente construído, com o surgimento de novas vinícolas, desde cooperativas até as vinícolas boutique, como é a Casa Tertúlia, que estão buscando deixar sua marca no mundo dos vinhos. Presente, o Alto Uruguai gaúcho e, em especial, a Casa Tertúlia, encontram-se muito contentes por participar dessa obra do vinho brasileiro.

Fonte:
DARDEAU, Rogerio. Gente, Lugares e Vinhos do Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 2020.

Para adquirir o livro, acesse: https://www.mauad.com.br/index.php?route=product/product&product_id=33906

Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2021-01-24 17:38:03

Tags: Alto Uruguai e Novos Terroirs do Brasil,borras,casa tertúlia,élevage sur lie,enologia,maturação sobre borras,método francês,moscato,moscato de alexandria,moscato-2019,muscadet,muscadet de la loire,sur lie,vinho,vinho branco,vinhos aromáticos,vinhos brancos brasileiros,vinhos brancos intensos,vinícola,

Maturação sur lie em vinhos brancos: como essa técnica funciona?


O termo de origem francesa refere-se à maturação “sobre borras”, o que aumenta a complexidade e cremosidade nos vinhos brancos.

Seja utilizada na elaboração de espumantes, seja na estruturação de vinhos brancos, a maturação sur lie, desde que aplicada a bebidas de alta qualidade, traz resultados excelentes oriundos de componentes das próprias leveduras que fizeram sua fermentação.

Todo o processo se inicia quando, após a transformação do açúcar em álcool (fermentação alcoólica), as leveduras entram na fase de autólise, que é uma autodegradação natural das moléculas, operada pelas enzimas ali presentes. Após algumas semanas, uma porção sólida se deposita no fundo dos recipientes: é a “borra”, sobre a qual faremos maturar o vinho sur lie, ou que será separada nas elaborações convencionais.

Essas borras nada mais são do que leveduras mortas sedimentadas, com compostos nitrogenados, aminoácidos, proteínas, lipídios e, mais importante, complexos aromáticos que podem ser restituídos ao vinho. Além da fermentação alcoólica, mais borras podem surgir caso se inicie a segunda fermentação, a fermentação malolática.

Borras depositadas ao fundo de barril após a autólise das leveduras que transformaram a uva em vinho. Observa-se também o processo de bâtonnage (revolvimento com bastão) das borras em um vinho branco.

O procedimento comum é separar o vinho das borras, que se mantêm ao fundo enquanto o líquido é conduzido a outro reservatório. Porém, a enóloga pode optar por manter o vinho em contato com parte dessa borra, o que traz mais complexidade aromática e deixa o vinho mais redondo e macio. Nos vinhos brancos o contato com as borras também é responsável por aumentar o corpo, conceder mais cremosidade, interferir na expressão dos taninos e elevar sua intensidade de aromas e sabores, além de deixá-los mais estáveis, durarouros, profundos e estruturados. Se o vinho for de boa qualidade, com uvas extremamente sadias e de boa maturação, tendo passado por uma fermentação bem conduzida, a borra trará propriedades igualmente favoráveis. Mas também pode ocorrer o oposto. Por isso a seleção dos vinhos cuja elaboração será conduzida dessa maneira precisa ser rigorosa, cabendo à enóloga julgar a quantidade, o tempo e se um vinho deve ou não ficar em contato com as borras.

Por esse motivo o método é também melhor aplicado a vinhos que se destacam em algumas qualidades, como é o caso do Moscato de Alexandria da Casa Tertúlia, extremamente aromático e com corpo e complexidade suficiente para receber a intervenção das borras. Inspirado na elaboração dos vinhos sur lie franceses, o Moscato da safra de 2019 da Casa Tertúlia passou por um método sur lie com borras refinadas, o que pode ser constatado observando a própria garrafa.

Moscato de Alexandria, safra 2019, Casa Tertúlia. Um vinho sur lie de coloração amarelo âmbar, muita intensidade e complexidade aromática, inspirado em métodos franceses.

Certamente as características marcantes desse vinho de lote limitado se devem, em partes, à varietal que é altamente aromática, com características muito favoráveis na hora da elaboração do vinho, e, em partes, às propriedades que foram enobrecidas através da maturação sur lie, além da meticulosa atuação da enóloga optando por esse método. Vale a pena conhecer os sabores de mel, erva-doce e as notas cítricas desse que certamente é um Moscato único e cheio de personalidade.

Fontes:
https://adegaperlage.com.br/2019/10/30/sur-lie-e-batonnage-no-vinho/
http://www.tintosetantos.com/index.php/envelhecendo/422-sur-lies-o-que-e-isso
https://www.labivin.net/article-que-signifie-la-mention-sur-lie-muscadet-50516514.html
https://dico-du-vin.com/elevage-sur-lies-l/
https://wisp-campus.com/l-elevage-sur-lies/?lang=en
https://www.enocultura.com.br/muscadet/
https://www.wine.com.br/winepedia/sommelier-wine/sur-lie-e-batonnage/

Agradeço também à enóloga da vinícola Casa Tertúlia, Viviane M. Massi Hilgert, pelas informações prestadas.