Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2023-12-01 13:44:00

Tags: brut,brut rosé,champanhe,champenoise,charmat,como se faz espumante,enologia,espumante brasileiro,espumante brut,espumante chatmat,espumante de qualidade,espumantes,espumantes do brasil,método champenoise,metodo charmat,método tradicional espumante,metodos de elaboraçao de espumanres,metodos espumante,processos de elaboração de espumantes,produção de espumante,sur lie,vinho espumante,

Charmat e Champenoise: diferenças de cada método na elaboração de espumantes brasileiros

O mundo dos espumantes é vasto e diversificado, com métodos de elaboração que geram diferentes perfis e estilos da bebida. Dois métodos que se destacam nesse cenário são o Charmat e o Champenoise, cada um trazendo características únicas à taça. A principal diferença? O tamanho dos recipientes em que ocorre a segunda fermentação. Nossa enóloga aqui na Casa Tertúlia costuma fazer uma brincadeira que pode te ajudar a lembrar: o nome curto indica as fermentações em recipientes maiores, e o nome longo se refere aos que fermentam em recipientes pequenos, ou seja, na própria garrafa. Mas o que isso significa na hora de degustar e escolher um vinho espumante?

Método Charmat: Frescor e Perfil Frutado

O método Charmat, surgido na Itália e aperfeiçado pelo francês Eugène Charmat em 1907, se sobressai por sua capacidade de preservar as características frutadas das uvas, dando uma sensação de frescor e elegância à bebida. Como a segunda fermentação ocorre nos tanques chamados de “autoclaves”, que aguentam alta pressão, a fermentação pode ocorrer de forma mais vigorosa e eficiente. Já que a quantidade do vinho base e das leveduras é mantida em conjunto, resulta em efeitos muito mais intensos e, por isso, mais rápidos. Assim, a fermentação é concluída em alguns dias ou semanas, enquanto no método Champenoise é preciso esperar mais tempo até que o processo acabe. Disso decorre a principal vantagem dos Charmats: o frescor incomparável conferido aos espumantes. Além disso, as borbulhas costumam ser exuberantes, proporcionando uma experiência refrescante, com elegância, vivacidade e perlage incrível.

Serão ideais para dias mais quentes, com pratos perfumados, frescos e mais delicados, ou quando se busca um espumante que não dispute com a intensidade de algumas receitas, nem se sobreponha a sabores mais sutis. Joviais, eles trarão muitas vezes notas florais, cítricas e de frutas frescas, evoluindo para castanhas e compotas.

Além do apelo sensorial, os espumantes Charmat se revelam como uma opção versátil, especialmente para quem busca uma experiência de degustação radiante e que harmoniza com o clima do Brasil. Nesse ponto, a Casa Tertúlia, no Alto Uruguai Gaúcho, se destaca por escolher estrategicamente o método de elaboração que captura a vivacidade do terroir brasileiro, que já desfruta de amplo reconhecimento internacional. Ao brindar com esses espumantes, estamos não simplesmente degustando uma bebida; mas celebrando a arte da vinificação inteligente e a riqueza do nosso terroir.

Método Champenoise: Fermentação na Garrafa

Também conhecido por “método tradicional”, é o mais antigo método de vinificação de espumantes, tendo surgido na França com monges da região de Champagne, pela figura mítica de Don Pérignon. Ao descobrir que algumas garrafas haviam voltado a fermentar, teria encontrado por acidente a surpresa das borbulhas. Ela é, portanto, uma das maneiras de produzir espumantes em que se repete o procedimento mais primitivo de que se tem conhecimento, e que, por se tratar de volumes menores em cada fermentação isolada, leva um tempo adicional para terminar. Por isso passa por um contato prolongado com as leveduras, gerando menos borbulhas e notas derivadas de uma fermentação mais demorada. Com toques de fermento, pães torrados, confeitaria, caramelo e castanhas, podem ser mais amanteigados e com uma textura mais cremosa.

Enquanto o vinho espumante passa meses fermentando, ocorre também uma maturação sur lie, ou seja, “sobre as leveduras”, em que se faz a movimentação da garrafa para aumentar seu contato com o restante do líquido. Para retirar as leveduras da garrafa ao fim do processo, usam-se os pupitres (racks em forma de A), girados manualmente, ou caixas mecânicas automatizadas, onde as garrafas são regularmente giradas e inclinadas. Removidas as leveduras, a garrafa é tampada novamente, em um processo chamado dégorgement, “degola”. Finalmente, é ajustado o teor de açúcar com o chamado licor de expedição.

Em resumo, as etapas do processo pelas quais um vinho precisa passar para se tornar um espumante são as mesmas (fermentação do vinho base, segunda fermentação, retirada de leveduras e licor de expedição), mas há diferentes técnicas para realizá-las, levando a diferenças no resultado gustativo e aromático.

Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2023-11-21 17:30:00

Tags: cultura noroeste gaúcho,eventos culturais em santa rosa,festival de música,festival de Nativismo Sul-Americano,fronteira noroeste,música do noroeste gaúcho,música em santa rosa,música gaúcha,musicanto,norte do rio grande do sul,santa rosa,três de maio,

Entre Milongas, Sambas e Chamamés: Musicanto na cultura musical de Santa Rosa

A música é uma forma poderosa de expressar a identidade e os laços culturais de um povo. Na região de Santa Rosa, o Musicanto emerge como um evento que transcende fronteiras e conecta pessoas por meio da riqueza de melodias e estilos da América do Sul. Com uma seleta e disputada reunião de musicistas e compositores, e com quatro décadas de história, ele ilumina a importância da cultura em uma região tão fértil e diversa como a que o hospeda.

Originado em 1983, o festival de Nativismo Sul-Americano passou a ser uma celebração do diálogo cultural entre as diversas tradições musicais da América Latina. Artistas de diferentes regiões, incluindo Brasil, Uruguai e Paraguai, convergem a cada par de anos no noroeste do Rio Grande do Sul, expressando consigo desde as raízes das tertúlias gaúchas, até belíssimas e marcantes influências como o samba, a viola caipira e o acordeon. As canções que dão ao Musicanto seu verdadeiro valor, muito além de uma competição musical, resgatam nações e gerações unidas em torno das cantigas de nossa identidade.

O evento, guardião da sonora autenticidade latino-americana, tem reconhecido inúmeros talentos ao longo das edições. Na 29ª, a História de Dom Latino, de Erlon Pericles, conquistou o primeiro lugar, despertando a emoção na plateia que repetidamente aplaudia em pé a recebida homenagem. Destaque também para a Dos Ventos, vencedora na categoria instrumental, e a paraguaia Cecília Becker, premiada como melhor intérprete, além dos mais de 20 finalistas que, com bombo leguero à flauta transversal, costroem a elevada qualidade que o evento representa.

Ao comemorar seus 40 anos, o Musicanto permanece como uma força unificadora que, além de preservar e promover a cultura local, evoca elos que transcendem fronteiras. Um testemunho vivo da capacidade da música de criar sentimentos duradouros e enriquecer as sociedades que os nutrem. Que suas notas continuem a ressoar, conectando corações e culturas em nossas cidades, merecedoras de que eventos como este floreçam e se proliferem.

Confira aqui também a página do evento.

Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2023-11-18 17:04:57

Tags: adegas no Brasil,alto padrão do vinho brasileiro,alto uruguai vinho qualidade,amantes do vinho,avaliação de vinhos,brasil de vinhos,brasil e vinhos,Brasil vinho,enologia,livro sobre vinhos,qualidade do vinho brasileiro,terroirs do brasil,vinho,vinho brasileiro,vinho brasileiro de qulidade,vinho qualidade,vinho tinto,vinhos,vinhos brasileiros,vinhos brasileitos premiados,vinhos do Brasil,vinhos excepcionais,vinhos no Brasil,vinícola,vinícolas brasileiras,vinicolas do brasil,

Vinhos Brasileiros de Alto Padrão: Casa Tertúlia e a Sofisticação do Alto Uruguai Gaúcho

Nos últimos anos, os vinhos brasileiros de alto padrão vêm emergindo como verdadeiro entusiasmo pelos amantes do vinho. Essa ascensão é resultado de uma atuação cuidadosa de inúmeros protagonistas, desde sommeliers, enófilos e escritores que avaliam os vinhos, até a ponta da produção com os viticultores brasileiros, que refletem o trabalho mútuo e a habilidade das vinícolas em criar rótulos que competem em excelência com os melhores vinhos do mundo.

Avaliações de vinhos, formadores de opinião e vinícolas com foco em alto padrão, como é a bandeira da Casa Tertúlia, têm tido um papel fundamental no desenvolvimento do cenário brasileiro do vinho.

Terroir Brasileiro: o surgimento de uma nova região produtora de renome no mundo

São muitas as conquistas que o vinho brasileiro vem atingindo em competições e degustações pelo mundo e dentro do próprio território nacional. Um movimento que surge há não muitas décadas, e que é um grande avanço para os apreciadores de garrafas de alta qualidade. Hoje, é possível encontrar vinhos nacionais em pé de igualdade com os mais renomados produtores à nível mundial, e isso se deve a uma evolução coletiva de implemento de melhorias, avanço no conhecimento vitivinícola e um público brasileiro apaixonado pelo vinho. O Brasil tem isso e muito mais.

O segredo por trás do destaque dos vinhos brasileiros de alto padrão reside no terroir gigantesco e plural que abrangemos. Desde as encostas das serras até os vales banhados pelo sol, cada região do Brasil contribui com características singulares, oferecendo uma riqueza de sabores e aromas que se traduzem em vinhos sofisticados e distintos.

Avaliações como a Wines of Brazil Awards, que organiza e avalia anualmente centenas de garrafas de todos os cantos do país, e autores de destaque como Rogério Dardeau, que escreveu o livro Gente, Lugares e Vinhos do Brasil, fazendo um amplo catálogo da diversidade brasileira em termos vinícolas, são indicativos da revolução que nosso país vem sofrendo. Casas de vinhos e restaurantes com rótulos exclusivamente brasileiros em suas cartas são empreendimentos que vem aumentando cada dez mais, com filas na porta e um público fiel. As vendas online também têm demonstrado um interesse crescente de pequenos comerciantes que querem se dedicar exclusivamente a produtores brasileiros. O que explica essa ascensão?

Reconhecimento e Evolução do Vinho Nacional

O destaque dos vinhos brasileiros de alto padrão não é mais uma surpresa; é uma realidade aclamada nacional e internacionalmente. Conquistas em competições e críticas positivas de especialistas têm colocado os rótulos brasileiros em evidência, atraindo a atenção de amantes de vinho não só em solo nacional, mas em diversas competições pelo mundo.

A partir de uma percepção das potencialidades do Brasil na produção não apenas de vinhos de mesa, mais simples e competitivos, mas também para os rótulos finos que vinham se destacando mais e mais, as vinícolas e produtores entendem a demanda por esse perfil de consumo, e passam a trabalhar em muitos casos exclusivamente em produtos de maior qualidade. É o caso da Casa Tertúlia, vinícola sediada no Alto Uruguai gaúcho, próxima à província argentina de Missiones e o Salto do Yucumã. Cada garrafa é um testemunho do compromisso incansável com a excelência, contribuindo para solidificar a reputação do Brasil como produtor de vinhos de destaque.

Com muitos novas regiões produtoras surgindo, empresários do ramo vinícola vêm surgindo a cada ano com propostas que mostram ao público brasileiro que temos em nossos solos potenciais de qualidade avançados, conformando uma região produtora já tão grande em termos de diversidade, que passa a receber o reconhecimento dessa história de evolução servida em taças.

Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2023-11-15 01:02:35

Tags: adegas do Sul,adegas no Brasil,alto uruguai gaúcho,bom vinho,casa de vinhos,comprar vinho,comprar vinhos,enóloga,enólogas brasileiras,enólogas mulheres,enologia,espumantes,livro sobre vinho,melhor vinho,melhor vinho brasileiro,melhores vinhos do Brasil,Merlot vinho,mulheres do mundo do vinho,mulheres que fazem vinho,origem do vinho,reserva de vinho,sommelier de vinhos,Tannat vinho,terroir,terroirs brasileiros,terroirs brasileiros diferentes,tipos de uva para vinho,tipos de uvas para vinho,tipos de vinhos e uvas,uva para vinho,uva para vinhos,uvas de vinho,uvas para vinho,vinho,vinho brasileiro,vinho de uva,vinho e mulheres,vinho e uva,vinho gaúcho,vinho para comprar,vinho reserva,vinho seco,vinhos,vinhos brasileiros,vinhos da Serra Gaúcha,vinhos do Brasil,vinhos do Rio Grande do Sul,vinhos do sul,vinhos nacionais,vinhos no Brasil,vinhos secos,vinhos tipos,vinícola do Rio Grande do Sul,vinícola no Rio Grande do Sul,vinícolas do Rio Grande do Sul,vinícolas no Rio Grande do Sul,vinícolas sustentáveis,viviane hilgert enóloga,

A enóloga que transforma vinho em arte no Alto Uruguai gaúcho

Em cada garrafa da Casa Tertúlia, há o toque de uma enóloga dedicada a alcançar os resultados de Alto Padrão oferecidos pela vinícola. Formada em Viticultura e Enologia pelo IFRS de Bento Gonçalves, referência da área no Brasil, Viviane Hilgert é a alma criativa por trás dos vinhos de autenticidade, garantindo a qualidade das bebidas.

Trajetória

Com seu empenho incansável, a jornada inicia com o desafio de elaborar no Alto Uruguai gaúcho vinhos que se destaquem como referência da terra vermelha em que se encontra a vinícola. Assim, o conhecimento e estudos de mais de 10 anos de dedicação se consolidam em um trabalho de aprimoramento constante, com o compromisso de dominar com maestria a refinada arte de produzir vinhos em um terroir praticamente inexplorado. Deparando-se com a ausência de tecnologia especializada em vitivinicultura na região, a enóloga transformou uma dificuldade em uma oportunidade, aplicando seus estudos e conhecimento técnico de forma única, ao adaptar os métodos de manejo e enologia aprendidos na Serra Gaúcha ao solo argiloso e ao clima peculiar da Casa Tertúlia.

Sustentabilidade

O cuidado especial com a natureza também é uma marca de Viviane, que se dedica a tratar das videiras e centenas de árvores já plantadas no local com toda sua dedicação. Desde o amor pelos animais que fazem parte do cenário, percorrendo os vinhedos em momentos estratégicos para controlar ervas-daninhas e insetos de forma ecológica, até a manutenção de vertentes e matas ciliares na propriedade: tudo é pensado para que o ambiente seja tratado com respeito ao meio-ambiente. Sua abordagem cuidadosa se baseia no acompanhamento minucioso da plantação, redução de desperdícios hídricos e melhor aproveitamento dos recursos naturais. As uvas se desenvolvem com o acompanhamento de uma viticultora apaixonada por botânica e pelo ambiente sustentável que se desenvolve na vinícola.

Autenticidade

A escolha deliberada de não passar determinados vinhos em barricas de carvalho, evidencia o discernimento delicado de Viviane. Essa decisão preserva a autenticidade das castas, permitindo que cada vinho conte a história singular da uva e do terroir. Seu trabalho resulta em vinhos autênticos, sem interferências externas que descaracterizem a bebida, destacando-se pela pureza de sabores e pela personalidade e qualidade das notas gustativas. Em lotes que o uso das barricas se faz útil ao resultado final da bebida, a madeira é reservada ao uso cauteloso e acompanhado de degustações constantes, para que não se sobreponha às características próprias da uva. É preciso calcular minuciosamente os aspectos que influenciarão na tipicidade da bebida e tomar decisões apuradas. As peculiaridades de cada safra, do clima anual, do solo e do terroir, da mão do homem em suas técnicas enológicas, tudo deve ser análisado no laboratório e na catina, para que o resultdo final sejam vinhos únicos com o máximo de personalidade.

Com sua contribuição inestimável à Casa Tertúlia, Viviane merece o reconhecimento não apenas como enóloga, mas como uma artista dedicada à criação de vinhos de alto padrão. Sua inteligência, dedicação e empenho são os pilares que sustentam a reputação da vinícola como referência na elaboração de vinhos do Alto Uruguai gaúcho, consolidando seu espaço entre os grandes enólogos brasileiros.

Cada garrafa da Casa Tertúlia é um tributo à maestria da enóloga, uma expressão autêntica da sua paixão pela vinicultura e um brinde ao talento que transforma pequenos cachos em obras-primas.

Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2021-04-13 16:10:50

Tags: aves,casa tertulia,galinhas,galinhas d'angola,gansos,meio-ambiente,natureza,ovinos,patos,qualidade de vida,respeito ao meio-ambiente,saude,sustentabilidade,sustentável,uva,uvas,vinhedo,vinho,vinho sustentavel,vinícola,vinicola,vinícola casa tertúlia,vinícola sustentável,vinicolas sistentaveis,vinicolas sustentaveis,vinícolas sustentáveis,viticultura,

Vinhedos sustentáveis

Elaborar bebidas de alto padrão vem acompanhado de muita dedicação nos vinhedos. Conheça um pouco dos cuidados e manejos que adotamos com as videiras aqui na Casa Tertúlia.

O amor por animais e um ambiente sustentável

O primeiro passo para conciliar videiras com animais como ovinos e aves é ter muito amor e respeito no cuidado deles e das plantas. Buscamos um ambiente sustentável onde cada elemento do sistema viva de forma saudável e bem‑cuidada.

Uvas de maior qualidade

O resultado são frutos que apresentam altos níveis de sanidade, maturação e qualidade elevada, crescendo em um ambiente saudável com o mínimo de intervenções. A cada dia investimos em mais práticas para promover um cultivo sustentável.

Conciliação com ovinos para controle de ervas‑daninhas

As ovelhas são parte importante do manejo que adotamos aqui na Casa Tertúlia, pois ao se alimentarem de inços que crescem nos vinhedos elas permitem fazer um controle ambientalmente correto da vegetação sobre o solo, que pode vir a competir com as videiras. Combatendo as ervas daninhas com sustentabilidade, as uvas crescem mais fortes e sadias.

Tecnologia em irrigação subterrânea e segurança hídrica

Conhecendo o terroir do Alto Uruguai gaúcho, sabemos que apesar dos períodos de chuva e frio, também ocorrem verões muito intensos com risco de estiagem. Uvas sem um fornecimento hídrico adequado não podem se desenvolver, correndo o risco até mesmo de morte das plantas. Pensando nisso implementamos uma tecnologia israelense de irrigaçao por gotejamento subterrâneo, que evita desperdícios e permite que as videiras tenham água em momentos chave para ser crescimento, e, por consequência, uvas de maior qualidade.

Cuidado de cada planta, acompanhamento e dedicação na viticultura

Diferentemente de uvas cultivadas em extensos hectares de terra, na Casa Tertúlia optamos por lotes limitados a um tamanho que nos permita cuidar de cada pé, acompanhando em passeios frequentes aos vinhedos o desenvolvimento das videiras. Isso nos permite combater eventuais ataques de insetos, fungos ou outros fatores nocivos de forma pontual e controlada. Assim, se uma planta apresenta alguma enfermidade, ela logo é encontrada e tratada antes de se transmitir para as outras. Se uma videira nova cai no chão e sofre os abalos do vento, ela é rapidamente encontrada e firmada, o que evita machucados nos galhos e caule e, com isso, a entrada de doenças. Cuidados como esses elevam a qualidade das videiras e seus frutos.

Patos, galinhas d’angola, gansos e galinhas caipiras no controle de pragas

A presença de aves na propriedade auxilia no combate de insetos que, em demasia, podem prejudicar as plantas. Um número controlado desses animais permite um número também controlado de pragas. De forma natural, as aves se alimentam desses pequenos insetos e mantêm toda a área em equilíbrio sustentável. Além disso, tornam o ambiente mais bonito e nos alegram com suas visitas e seus banhos no açude.

Contamos com a ajuda de todos

Além das aves e ovelhas temos cavalos que pastam em um ambiente separado do vinhedo e contamos com a ajuda do nosso fiel escudeiro Bob. Ele auxilia a cuidar das ovelhas, nos acompanha pelos vinhedos e está sempre disposto a receber um abraço e um carinho. Sem dúvida esses ajudantes não podiam passar sem serem mencionados!

Uvas saudáveis, a cada ano comprovando que nossa dedicação vale a pena

Ano a ano, a cada safra, recebemos a confirmação de nossos esforços e a recompensa da natureza: frutos sadios, maduros e doces que virarão vinhos ou sucos que expressam o cuidado e a qualidade de um manejo sustentável.

Plantação de mata nativa e recuperação de vertentes

Além do cuidado com as uvas, pensamos que todo o ambiente deve ser tratado com respeito à natureza. Não queremos apenas que os vinhedos sejam sustentáveis, mas que essa prática se estenda para toda a área em que vivemos. Por isso plantamos constantemente mudas nativas, com centenas já plantadas, fazemos a recuperação de água de vertentes, respeitamos matas ciliares e, como dizemos sempre, desejamos um mundo cheio de tertúlias sob as árvores. Acreditamos que novas técnicas e tecnologias sustentáveis, com o auxílio da ciência e das pessoas, podem fazer crescer uma mentalidade de cuidado e respeito ai meio‑ambiente.

Galinhas felizes no vinhedo

Com sua casinha móvel, as galinhas caipiras passam o dia no vinhedo alimentando‑se de insetos, fazendo a limpeza dos vinhedos e fornecendo matéria orgânica. A brincadeira é dizer que às vezes encontramos quase mais ovos do que uvas por lá! Vivendo livres e felizes, conseguimos conciliar a plantação de uvas com aves, que se auxiliam mutuamente.

Vinhedos saudáveis e bem acompanhados

Acompanhamos os vinhedos frequentemente para garantir que tudo esteja em ordem.

Colheita da uva

Nesta foto temos as caixas dispostas em cada fileira para a colheita dos frutos que partem direto para a vinícola, onde são processados de modo a manter sua qualidade no produto final. Claro que o Bob está acompanhando!

Qualidade, qualidade e qualidade

Perseguimos de forma crescente a excelência no que fazemos. Frutas com qualidade para produtos de qualidade.

Manejo de ovelhas

Para que possamos garantir as melhores condições nos vinhedos, fazemos uma seleção de períodos e número de animais que ficam no vinhedo, o que é fundamental para a saúde das plantas e a qualidade dos frutos.

Alegria em encontrar um ambiente fértil e sustentável

Quando as uvas começam a surgir, compreendemos que estamos perseguindo o caminho certo, sempre evoluindo e buscando mais qualidade, sustentabilidade e ume vida feliz e saudável.

Patinhos e gansos tomando banho no açude

Uma cena que muito se vê pela Casa Tertúlia!

Vinhedo ao fim do dia

Sol se pondo nos vinhedos em um dia de verão, logo após a vindima.

Um pouco das cores do Alto Uruguai gaúcho

Com belos planaltos e longos horizontes, muita incidência solar e grande variação térmica, o Alto Uruguai tem um terroir próprio e promissor para os vinhos.

Mais informações sobre o assunto em:

https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinicolas-brasileiras-comecam-a-utilizar-metodos-sustentaveis-na-sua-producao_3505.html
https://revistapesquisa.fapesp.br/ovelhas-e-gansos-entre-as-vinhas/https://www.clubedosvinhos.com.br/sustentabilidade-na-producao-de-vinhos/#:~:text=Antes%20de%20tudo%2C%20%C3%A9%20preciso,processo%2C%20ou%20melhor%2C%20minimizando%20os https://wp.ufpel.edu.br/vitivinicultura/ https://www.ecycle.com.br/component/content/article/41-pegue-leve/2643-vinho-sustentavel-ecologico-bebida-dos-deuses-saudavel-ambientalmente-correto-naturais-verdes-mercado-organico-simples-agrotoxicos-sulfitos-so2-dioxido-enxofre-antroposofia-filosofo-cosmos-exotico-chifre-vinificacao-antioxidante-leveduras-toxico.html https://engarrafadormoderno.com.br/materia-principal/a-sustentabilidade-nas-vinicolas
https://www.clubedosvinhos.com.br/sustentabilidade-na-producao-de-vinhos/#:~:text=Antes%20de%20tudo%2C%20%C3%A9%20preciso,processo%2C%20ou%20melhor%2C%20minimizando%20os
https://abrafrutas.org/2019/04/tecnicas-sustentaveis-de-plantio-preservam-o-solo-e-aumentam-rendimento-da-producao/

Escrito por:

Gabriel Hilgert

Engenheiro, colunista e administrador do site

2021-02-02 05:11:06

Tags:

Análise Sensorial: como avaliar um vinho

Muitas são as maneiras de se avaliar a qualidade de um vinho, mas a primeira foi formalizada por Carl Linnaeus no século 18, no entanto a idéia é tão antiga quanto à própria histótia do vinho e vai a 3000A.C., na epopéia de Gilgamesh, em que os vinhos das montanhas de Zargos e os vinhos libaneses foram comparados. No entanto, um dos primeiros métodos para definir os sabores e aromas foram sugeridos por Aristóteles e se baseava nos quatro elementos (ar, água, fogo e terra). Platão já havia também classificado aromas em famílias, mas foi só em 1516 que o termo “degustação” (do francês: dégustation ) surgiu. Apenas em 2004 que nosso conhecimento sobre aromas e sabores foram expandidos, o que garantiu um nobel a Linda B. Buck e Richard Axel.

A Degustação

São quatro os estágios da degustação:

  1. Aparência
  2. Aroma
  3. Sabor
  4. Retrogosto

Através desses estágios combinados revelam-se a complexidade e o corpo do vinho, e é onde críticos mais experientes perceberão o potencial e as possíveis falhas. Essa análise dependerá do tipo de uva, processo de produção e das características do vinho.

Como os Vinhos são Avaliados?

Existem várias maneiras de se avaliar um vinho, e elas são próprias das organizações que realizam as análises. As principais escalas são:

Escala de 100 Pontos

Os vinhos são avaliados em notas de 0 a 100, sendo que:

  • 50-60: Inaceitável
  • 60-70: Abaixo da média
  • 70-80: Ná média, com alguma distinção
  • 80-90: Acima da média
  • 90-95: Muito bom
  • 90-100: Extraordinário

Estas gradações variam levemente entre as escalas, sendo as mais famosas as de Robert Parker da Wine Spectator e a da Wine Enthusiast, que nem avalia vinhos com notas abaixo de 80. Estas escalas no entanto são criticadas, já que diferenças de um ponto são consideradas imperceptíveis ao sistema sensorial humano. É por isso que surgiu a escala seguinte.

Escala de 20 Pontos

A escala de 20 pontos (UC DAVIS), muito usada pelos franceses, avalia em diferentes ponderações nas seguintes categorias: aparência, cor, aroma, acidez volátil, acidez total, açúcar, corpo, sabor, adstringência e qualidade geral. As notas podem ser compreendidas em:

  • 0-9: Vinhos abaixo do comercialmente aceitável
  • 9-13: Vinhos normais, sem qualidades marcantes
  • 13-17: Vinhos acima do normal, com qualidades presentes
  • 17-20: Vinhos excepcionais

Mas vale destacar que também estes critérios (UC DAVIS) são considerados obsoletos pois baseia-se mais em procurar por vinhos sem defeitos. Por isso é usada a escala de Jancis Robinson, já que esta é mais precisa, ao mesmo tempo que considera características hedonísticas com maior afinco.

Escalas por Estrelas

As escalas por estrelas são as mais simples de entender, são as de 5 estrelas como usadas pelo The Wall Street Journal, Decanter e Michael Broadbent; as de 4 estrelas, usada pelo New York Timesm; e as de 3 estrelas, utilizadas por Gabero Rosso e Wine x Magazine. Nestas escalas nenhuma estrela significa inadmissível, uma estrela significa aceitável e se o vinho for consagrado com a última, significa que ele é excelente.

Como Avalio meu Vinho?

O processo de degustação requer uma grande atenção às sensações. Desse modo, reconhecer e relacionar sabores são habilidades que devem ser treinadas para alcançar êxito nessa atividade, e a forma mais simples de fazer isto é prestando atenção nas nuances dos sabores de todos os alimentos, não só o vinho. Assim, maior será seu arsenal sensitivo e mais precisa será a sua análise e, independentemente da escala de avaliação escolhida, um bom vinho poderá ser melhor aproveitado.

Leia Mais:

https://en.wikipedia.org/wiki/Richard_Axel

https://en.wikipedia.org/wiki/Wine_tasting

https://www.jancisrobinson.com/how-we-score

https://cdn.shopify.com/s/files/1/0527/6177/files/how_we_rate_wines.pdf?2489

Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2021-02-02 03:40:37

Tags: história da uva,história do rio grande do sul,história do vinho,imigrantes,imigrantes alemães,imigrantes europeus,imigrantes italianos,isabel,isabel-2018,suco de uva,suco-de-uva-bordo-integral,suco-de-uva-branco-integral,uva isabel,uvas americanas,vinho colonial,vinho de garrafão,vinho de mesa,vinho isabel,vitis labrusca,

Isabel, vitis labrusca: um vinho na memória gustativa de muitos

De casta proibida a memória bem guardada, os vinhos de uva Isabel evocam a história de nossos antepassados e voltam a ser prestigiados por suas pecularidades.

“Quando bebo esse vinho, lembro do meu avô, dos almoços em família, abastecidos pelo vinho que ele fazia e guardava no porão da sua casa.” Esse relato, não incomum quando convidamos amigos para degustar nosso vinho proibido, costuma ser manifesto por muitos que viveram uma história hoje menos usual, mas ainda presente nas memórias de muitos. Por ser uma uva de cultivo mais dócil e de fácil adaptação, sua presença estendeu-se por nossos solos, especialmente no sul do país, onde muitos imigrantes europeus utilizaram a variedade para fazer vinhos, buscando reproduzir os que conheceram em suas terras originárias.

Não se encontravam videiras à época no Brasil. Na tentativa de cultivá-las, eram trazidas frações de seus galhos, que, ao serem afundadas na terra, desenvolvem as plantas perfeitamente. Mas o cultivo de uvas finas, além de ser ameaçado pela filoxera (inseto que dizimou vinhedos pelo mundo no século XVIII), não obteve êxito, até se passar a utilizar mudas enxertadas, o que ocorreu apenas na década de 1920 no Brasil. Dificuldades no manejo e tentativas fracassadas ocasionaram a substituição das mudas de cultivares europeias (vitis vinífera) pelas americanas (vitis labrusca), que além de tudo são mais resistentes à filoxera. De espécies diferentes e características bastante variadas, unificam-se quanto ao resultado tão desejado: o sumo fermentado das uvas que reaparecia então sobre as mesas.

Reunião familiar em Caxias do Sul, datada de 1928, de Franklin Benvenutti. Apesar das garrafas remeterem atualmente à cerveja, a coloração nos copos e o contexto de produção de vinhos, presente então na época, indica-nos qual era a bebida desfrutada.

Foi essa transformação que ainda hoje faz com que muitas pessoas tragam o hábito de elaborar vinhos com uvas de mesa, como é o caso da uva Isabel, e muito comumente inclusive desconheçam as viníferas europeias. Assim, guarda-se na memória o vinho conhecido através de familiares ou amigos e que era produzido dessa forma. Muitos ainda seguem o cultivo ou o consumo de vinhos de mesa, preferindo-os sobre os vinhos finos (assim chamados pela legislação brasileira, sendo uma das poucas categorias distinguidas, se compararmos, por exemplo, às inúmeras diferenciações encontradas nas leis da França). Mesmo que nos dias atuais vinhos de todas as castas e partes do mundo estejam acessíveis, as recordações mantêm com carinho os sabores e aromas que se sentiam naquelas taças.

Os famigerados “vinhos de garrafão”, por muitos conhecidos e ainda comercializados não como raridade no sul do país, são em sua vasta maioria vinificados a partir de uvas de mesa.

Em 1913, a plantação de uvas Isabel no Rio Grande do Sul equivalia a 96% de todas as videiras encontradas. Hoje em dia, seu percentual é de 32%, o que marca uma variação no consumo e produção de vinho. Com o passar do tempo, foram surgindo no país vinhedos de uvas europeias, como a Cabernet Sauvignon e a Merlot. Passou-se a descobrir como cultivá-las e a apreciar os vinhos finos, que efetivamente se destacam em algumas características perante os vinhos de uvas americanas. Por exemplo, não é comum um vinho de mesa manter-se em seu melhor estado senão em seus anos mais jovens, embora haja raríssimas exceções. Ademais, esses vinhos costumam conservar suas características durante seu breve período de maturação, ou seja, um vinho Isabel terá em 3 anos os mesmos sabores e aromas que possuía quando de sua elaboração, sem mudanças expressivas. Nos vinhos finos, sobretudo os mais encorpados, ocorre o fenômeno inverso, que muito nos encanta, em que há alteração das notas sensoriais com o decorrer do tempo. O Cabernet Sauvignon da Casa Tertúlia de 2018 possuía coloração rubi e forte aroma de frutas vermelhas silvestres nesse ano. Hoje, encontram-se agregadas notas de caramelo, chocolate e especiarias, que se desenvolveram com o tempo, assim como uma coloração granada muito diversa.

Já o vinho Isabel da Casa Tertúlia pode ser considerado um vinho “atemporal”, pois os sabores frutados que apresentava em sua elaboração ainda nos surpreendem ao se mostrarem nas taças que dele servimos. Este vinho, porém, tem uma peculiaridade. A enóloga utilizou uma técnica de contato com viníferas finas, o que lhe tornou mais tânico, deu-lhe corpo, intensidade de cor e estrutura, e aproximou-o de características de vinhos feitos com uvas europeias, não deixando as marcas da uva Isabel ocultadas, mas lhe dando maior complexidade. Assim, mesmo sendo um vinho indubitavelmente resultante de uma varietal labrusca e todas as memórias que elas nos trazem, serviu como experimento de sucesso para apresentar o amálgama das duas espécies de uva.

Encravado na memória afetiva e gustativa de muitos, o vinho Isabel deve ser honrado e reconhecido enquanto tal, pois além de carregar lembranças e uma boa parte da história de nossos antepassados, é apreciado por suas propriedades únicas e características. Mais terroso, frutado e indicado para ser bebido jovem, sua coloração de vermelho rosado atinge muitos apreciadores, livres das regras dos vinhos finos, que dirigem a ele seus mais agraciados votos de admiração e desfrute, tornando-o um vinho diferente, inusual aos que ainda não o conhecem, e uma torrente de lembranças aos que o levam em sua história.

Vinho de mesa Isabel da Casa Tertúlia elaborado no Alto Uruguai gaúcho. Além de suas notas frutadas e terrosas, traz a história de inúmeras famílias que produziram esse vinho por gerações.

Por se tratar de um vinho presente na memória de tantos que, através dele, reencontram-se com seus pais, mães e avós, optamos por elaborar, aqui na Casa Tertúlia, um vinho ícone de nossa história, que ao ser degustado nos leva a recordar de conversas, pessoas e momentos que marcaram nossas vidas. Queremos que depois de nós também outros o conheçam, pois nele há mais do que uma casta “não fina”, e sim um elogio aos tempos difíceis, às superações e ao amor que os seres humanos têm por boas conversas, regadas a bons vinhos. Este que, aliás, é o mote da Casa Tertúlia. Um viva também aos vinhos de mesa de boa qualidade!

Fontes:
https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/especiais/vinhos_e_espumantes_2019/2019/05/682534-isabel-a-historia-do-vinho-gaucho.html
https://vinhonosso.com/tag/vitis-labrusca/
https://crownwines.com.br/as-uvas-vitis-vinifera-e-vitis-labrusca/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Reuni%C3%A3o-de-fam%C3%ADlia—1928.jpg
https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/economia/2019/06/691115-simbolo-do-interior-gaucho-vinho-colonial-comeca-a-deixar-os-poroes.html
https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/uva_para_processamento/arvore/CONT000g5f8cou802wx5ok0bb4szwyx060i6.html
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20612000000100022
https://amanha.com.br/categoria/brasil/a-epopeia-da-isabel-uva-que-transformou-o-agricultor-em-viticultor
https://revistamarieclaire.globo.com/Blogs/Boa-de-Copo/noticia/2020/08/conheca-o-vinho-natural-feito-com-renegada-uva-isabel-mesma-do-vinho-de-garrafao.html
http://vinho.ig.com.br/2020/06/04/a-filoxera-foi-o-coronavirus-do-vinho.html

Agradeço também a Viviane e Leodir Hilgert pelo entusiasmo e os ensinamentos passados com seus relatos.

Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2021-01-28 18:39:15

Tags: história da moscato de alexandria,história da uva,história da uva moscato,moscato,moscato de alexandria,moscato-2019,muscat,uva aromática,uvas aromáticas,vinhas antigas,vinho aromático,

Moscato de Alexandria, uma casta ancestral e aromática

Uma casta milenar que multiplicou-se do Mediterrâneo para o mundo.

Originária do Egito às margens do Rio Nilo, esta casta da cidade de Alexandria é considerada uma “vinha antiga”, cuja carga genética acredita-se haver permanecido sem alterações. Tipicamente mediterrânea, hoje é cultivada em inúmeros países, sendo uma das primeiras das mais de cento e cinquenta variedades da família Muscat a viajar pelo mundo. Costuma trazer notas florais, como a flor de laranjeira, frutadas remetendo a damasco, pera, maçã e cítricos, como também mel e erva-doce. Junto de seus aromas marcantes, é lembrada por ser uma varietal muito característica.

A Moscato de Alexandria é uma variedade de uvas Moscato, que, vindo da Grécia para a Itália, receberam o nome de pianae, “preferida das abelhas”, devido a seu alto grau de doçura.

Moscato de Málaga, da Espanha ou simplesmente Moscato branca de grãos grandes, há quase trezentos sinônimos para nomeá-la no Centro Internacional de Variedades Vitíferas (VIVC). Essa pluralidade marca sua presença em muitas partes do mundo, sendo utilizada para a elaboração de vinhos fortificados de Jerez, vinhos doces em países como Portugal, Itália, Espanha e Austrália, e servindo de base para espumantes moscateis brasileiros.

Estima-se que a Cleópatra bebia o vinho de Moscato de Alexandria trazido da ilha de Samos, no Mar Egeu ao noroeste da Grécia, onde a uva era intensamente cultivada.

Nos séculos XVII e XVIII também se consumia os doces vinhos de Málaga produzidos com essa uva, tornando-se um negócio próspero que conquistou até mesmo o paladar das donzelas inglesas na corte vitoriana do século XIX. O comércio desses vinhos que eram exportados intensamente durou até a dizimação da filoxera, recuperando-se então a produção por outras lugares, como o Chile, o Brasil, os Estados Unidos e a Argentina.

A característica mais marcante dos vinhos resultantes da Moscato é sua intensidade aromática. Nenhuma casta possui um aromas tão inconfundível quanto o de seus vinhos, que trazem o perfume da uva madura, frutas como o damasco e a pêra com notas almiscaradas e suavemente florais. Compartilhando dessas características, a Moscato de Alexandria compõe vinhos brancos muito variados e versáteis, secos, doces e espumantes, com elegância e potência de aromas e sabores bem distinguidos.

A vinícola Casa Tertúlia elabora um Moscato de Alexandria sur lie no Alto Uruguai gaúcho que marca as características dessa varietal. A passagem por borras elevou ainda mais a sua alta aromaticidade, tornando-lhe um vinho intenso e complexo.

Fontes:
https://www.vivc.de/index.php?r=passport/view&id=8241
https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-diversidade-da-moscatel_2817.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Muscat_of_Alexandria
https://fr.wikipedia.org/wiki/Muscat_d%27Alexandrie
https://en.wikipedia.org/wiki/Muscat_of_Alexandria
https://www.portalbonvivant.com.br/post/moscato-de-alexandria-conhe%C3%A7a-um-vinho-brasileiro-elaborado-com-essa-uva
https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/moscatel-de-alexandria
http://www.vivtravel.com/cleopatras-wine/

Escrito por:

J. Hilgert

Sommelière, mestre em filosofia e colunista da Casa Tertúlia

2021-01-24 17:38:03

Tags: Alto Uruguai e Novos Terroirs do Brasil,borras,casa tertúlia,élevage sur lie,enologia,maturação sobre borras,método francês,moscato,moscato de alexandria,moscato-2019,muscadet,muscadet de la loire,sur lie,vinho,vinho branco,vinhos aromáticos,vinhos brancos brasileiros,vinhos brancos intensos,vinícola,

Maturação sur lie em vinhos brancos: como essa técnica funciona?


O termo de origem francesa refere-se à maturação “sobre borras”, o que aumenta a complexidade e cremosidade nos vinhos brancos.

Seja utilizada na elaboração de espumantes, seja na estruturação de vinhos brancos, a maturação sur lie, desde que aplicada a bebidas de alta qualidade, traz resultados excelentes oriundos de componentes das próprias leveduras que fizeram sua fermentação.

Todo o processo se inicia quando, após a transformação do açúcar em álcool (fermentação alcoólica), as leveduras entram na fase de autólise, que é uma autodegradação natural das moléculas, operada pelas enzimas ali presentes. Após algumas semanas, uma porção sólida se deposita no fundo dos recipientes: é a “borra”, sobre a qual faremos maturar o vinho sur lie, ou que será separada nas elaborações convencionais.

Essas borras nada mais são do que leveduras mortas sedimentadas, com compostos nitrogenados, aminoácidos, proteínas, lipídios e, mais importante, complexos aromáticos que podem ser restituídos ao vinho. Além da fermentação alcoólica, mais borras podem surgir caso se inicie a segunda fermentação, a fermentação malolática.

Borras depositadas ao fundo de barril após a autólise das leveduras que transformaram a uva em vinho. Observa-se também o processo de bâtonnage (revolvimento com bastão) das borras em um vinho branco.

O procedimento comum é separar o vinho das borras, que se mantêm ao fundo enquanto o líquido é conduzido a outro reservatório. Porém, a enóloga pode optar por manter o vinho em contato com parte dessa borra, o que traz mais complexidade aromática e deixa o vinho mais redondo e macio. Nos vinhos brancos o contato com as borras também é responsável por aumentar o corpo, conceder mais cremosidade, interferir na expressão dos taninos e elevar sua intensidade de aromas e sabores, além de deixá-los mais estáveis, durarouros, profundos e estruturados. Se o vinho for de boa qualidade, com uvas extremamente sadias e de boa maturação, tendo passado por uma fermentação bem conduzida, a borra trará propriedades igualmente favoráveis. Mas também pode ocorrer o oposto. Por isso a seleção dos vinhos cuja elaboração será conduzida dessa maneira precisa ser rigorosa, cabendo à enóloga julgar a quantidade, o tempo e se um vinho deve ou não ficar em contato com as borras.

Por esse motivo o método é também melhor aplicado a vinhos que se destacam em algumas qualidades, como é o caso do Moscato de Alexandria da Casa Tertúlia, extremamente aromático e com corpo e complexidade suficiente para receber a intervenção das borras. Inspirado na elaboração dos vinhos sur lie franceses, o Moscato da safra de 2019 da Casa Tertúlia passou por um método sur lie com borras refinadas, o que pode ser constatado observando a própria garrafa.

Moscato de Alexandria, safra 2019, Casa Tertúlia. Um vinho sur lie de coloração amarelo âmbar, muita intensidade e complexidade aromática, inspirado em métodos franceses.

Certamente as características marcantes desse vinho de lote limitado se devem, em partes, à varietal que é altamente aromática, com características muito favoráveis na hora da elaboração do vinho, e, em partes, às propriedades que foram enobrecidas através da maturação sur lie, além da meticulosa atuação da enóloga optando por esse método. Vale a pena conhecer os sabores de mel, erva-doce e as notas cítricas desse que certamente é um Moscato único e cheio de personalidade.

Fontes:
https://adegaperlage.com.br/2019/10/30/sur-lie-e-batonnage-no-vinho/
http://www.tintosetantos.com/index.php/envelhecendo/422-sur-lies-o-que-e-isso
https://www.labivin.net/article-que-signifie-la-mention-sur-lie-muscadet-50516514.html
https://dico-du-vin.com/elevage-sur-lies-l/
https://wisp-campus.com/l-elevage-sur-lies/?lang=en
https://www.enocultura.com.br/muscadet/
https://www.wine.com.br/winepedia/sommelier-wine/sur-lie-e-batonnage/

Agradeço também à enóloga da vinícola Casa Tertúlia, Viviane M. Massi Hilgert, pelas informações prestadas.

Escrito por:

Viviane M. M. Hilgert

Enóloga da Casa Tertúlia

2020-10-29 07:17:37

Tags: autenticidade,autênticos,cabernet-sauvignon-2018,canernet sauvignon,Carvalho,merlot,moscato,moscato de alexandria,moscato-2019,personalidade,pureza,terroir,tipicidade,vinho-fino-seco-merlot-2018,vinhos,vinhos autênticos,vinhos com personalidade,vinhos puristas,vinhos únicos,

Vinhos Autênticos

A tipicidade e o terroir são atributos venerados entre apreciadores de vinhos, principalmente os que procuram explorar suas diferentes características e peculiaridades. Em busca dessas propriedades marcantes e genuínas é que selecionamos a forma de desenvolver nossos vinhos, utilizando técnicas que possam trazer o terroir mais natural de cada variedade de uva.

A linha de vinhos autênticos da Casa Tertúlia preza pela expressão das características próprias das uvas de que são feitos cada vinho.

Uvas sadias, com maturação completa, rigoroso sistema de higienização, fermentação de uva com temperatura controlada, manejo correto e acondicionamento adequado dos vinhos, são fatores essenciais para a transformação da uva em um vinho que revela toda sua origem e sua história, sem interferências externas. Em especial, esses vinhos não trazem elementos agregados da madeira, expressam o sabor oriundo da uva, sem intervenções. Tais vinhos são chamados de autênticos, e tem despertado cada vez mais o interesse dos amantes de vinhos de alta qualidade.

Barris de carvalho podem ser bons acompanhantes para certos vinhos, mas seu uso excessivo acaba por ocultar as notas originárias das uvas.

É por isso que a vinícola Casa Tertúlia privilegia uma linha de vinhos autênticos, no qual foi deliberadamente optado por não passar em barricas de carvalho aqueles vinhos que se destacam através de suas características próprias, evidenciando, sem ruídos, as castas que são elaborados.

Leia mais: